quinta-feira, 9 de dezembro de 2010

Grades

Muito já se falou sobre liberdade... entre quatro paredes,
principalmente fora dela, o ser livre acomete alguns pobres
mortais como eu, de dúvidas e por que não dizer medo...
A liberdade já desembrulhou vários pacotes sufocados, mas,
para surpresas de muitos, embrulhou várias vidas da melhor
forma possível, para que ela, a liberdade, sentisse segurança.
Então, o que dizer de um revolucionário que busca a liberdade
dentro de si, e se surpreende, carente de espaços fechados...
necessaríamente fechados, fechados para sonhar em paz, para
acordar em paz, fazer tratados com a própria vida, sentir-se forte
novamente, fechado para poder respirar melhor...
No auge de minha inocência enxergava a liberdade desprovida de roupas,
de paredes, de regras. Em estado primitivo, essa liberdade em meus devaneios
corria nua nas ruas, nos campos , cidades e só ouvia o som do vento,
da chuva, do silêncio, eu tinha certeza de que ela era livre, nada a envolvia,
a não ser esse conceito concreto de suavidade, de total ausência de peso, de roupas,
de paredes, como eu a admirava! E falava para mim mesma: É assim que tem que ser,
e instintivamente, impulsivamente, pratiquei a liberdade... até que se esgotasse dentro
de mim a última gota do nada, do vento batendo em meus cabelos, das horas que aconteciam
sem minha vigilância, era apenas eu, eu e um espaço todo livre para treinar meus soldados
da maneira que quisesse... como me sentia poderosa, até que esses soldados, mais tarde descobri, eram meus fantasmas que lutavam dentro de mim, por uma liberdade estranha,
"limitada", que para poder pensar em voar, necessitava de grades.

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