domingo, 6 de dezembro de 2009

Serpente

Sem olhos, sem boca
nada a me oferecer,
sorri maliciosamente
para rivais ilusórios...

E eu absorta,
me solto nos teus sonhos
que me aceitam e me rejeitam,
como mar que traga o náufrago
e o vomita com a mesma intensidade

Como é doce teus beijos...
se me deixasse beijar
como te faria feliz
se me desse um olhar...

Fico de longe,
observando tua caminhada pela lua
querendo que o sinal feche na tua rua
e sem pensar, tu venhas nua,
para os braços meus...

Serpente, que máscara segura te deram,
mas a dor não suportou o esconderijo
e hoje vejo teus olhos, bebo teu riso
e vivo teus sonhos

De teu veneno,
não tenho medo, me bate um desespero
de não bebê-lo brindando a dor e o prazer
que vou te dar...

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Redenção

Não sei se mato a ti ou a mim, sem te ver,
fugindo do mar,
sem dirigir-te a palavra, corto, como um
algoz, as asas desse amor inútil.

Nesse momento, sou poder e me condeno
aos escombros da solidão,
sem luz, sem ar, mato o que de certo iria
viver mendigando...

Não mais teus carinhos, que por um segundo,
fez minha alma voar,
Não mais nosso ninho que esmoresceu-se
no fundo do mar...

Agora só a fuga me salva e a desculpa te deixa
impune, não foi teu sorriso, não foi teu olhar,
foi a espera de uma vida inteira por esse teu jeito
estranho de com as coisas da vida lidar...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

À procura de um jardim

Algumas vezes, passeamos pela vida com a nítida sensação de estarmos provando tudo, tudo de bom que a vida pode nos oferecer e fazemos isso, acredite, para parecermos melhor filho, melhor companheiro, melhor amigo. De que forma? Ao sentirmos o sol no rosto mais tempo, podemos parecer mais iluminado para as pessoas das quais gostamos, se deixamos o vento tocar nosso rosto até sntirmos a sensação de estarmos voando com ele, é porque pretendemos ter uma palavra livre para dizer na hora exata aos nossos amigos de alma aprisionada, se beijamos muitas bocas e se dizemos: eu te amo, estamos, de alguma forma, brindando nossa capacidade de amar e sufocando nossa carência, que tantas vezes afoga a pessoa mais disponível, pensando em todas essas coisas, eu me pergunto: O que é que não fiz? Não agradeci suficiente ou não soube agradecer, bati à porta errada, entrei sem que ninguém mandasse, não dei o meu sorriso mais sincero para vida, não olhei de lado, não dividi meu gosto de viver, a verdade é que agora sinto esse espaço, essa ausência de respostas, talvez, porque devam ser inúmeras respostas, eu tenho essa impressão de não estar procurando nada em particular, falta-me um jardim, com inúmeras flores, perguntando para mim, sobre o meu perfume de amanhã.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Rio sagrado

Não seria eu capaz de tornar uma história de amor borrada,
olhar o semblante de alguém especial e dizer prazer em conhecê-la,
guiar palavras com ansiedade de um cego nas ruas,
tomar cuidado para o meu olhar não te ferir,
colocar-te em lugar sagrado, proibido, por toda uma história...
Não seria eu capaz de uma dia dizer que tais pensamentos
me doíam o coração, ao mesmo tempo que estranhamente
me colocavam de pé agradecendo à vida,
apesar do momento difícil.
De fato, tu és aquele rio distante, que imaginamos:
Não conseguiria navegar, porém, o fato de saber que ele existe,
torna dispensável qualquer investida que vá além do respeito
por tuas águas amigas...

domingo, 1 de novembro de 2009

MÃOS

Apaixonada,sem te olhar nos olhos,
tateio sua realidade, como se a mim
ela fosse um sonho...

Mesmo assim,sinto teu cheiro,
escuto atenta tuas palavras
mordo os lábios e fecho os olhos...
para não profanar teu templo.

Espero o tempo dizer alguma coisa a ti
alguma coisa que em segredo há muito
me dissera o tempo...

A favor de mim tenho quase nada:
uma alma que salta a cada lembrança tua
e minhas mãos que em sonhos te buscam
e ao encontrar as tuas,se desmancham
qual fumaça,suavemente se espalhando
no ar...

sexta-feira, 9 de outubro de 2009

LUA

Lua, que acordada chama as pessoas a sorrirem,
hoje entristece por alguém que não mais a observa
Diz: Não tenho culpa, sou da idade do amor...
Amor que fica, amo quem vai,
fico à espreita de uma nova noite,
para desfilar meu brilho intenso ou abreviado
sobre a negritude das histórias de amor,
por isso me chamo lua,
porque nua, não disfarço nemhuma cicatriz
que me marcou...

domingo, 4 de outubro de 2009

O poeta dorme

O poeta dorme, porque a realidade sonhou antes dele e por ele, o poeta dorme para descansar em paz os dissabores dessa vida, dorme por um sorriso deveras falso, pela declaração de amor que naõ veio, pela chuva que não caiu e inundou seus olhos, dorme, pelo vento que açoitou seu cabelo e feriu seu olhar, que no escuro buscou resposta para tanta covardia... dorme para não escutar lamentos ou desculpas, para não opinar magoando a mágoa, sim, o poeta dorme, mas, ele sabe que quando acordar, de nada mais se lembrará e fará, dessa vez , seu ninho onde tranquila descansa a paz que um dia sonhou, voará como um condor e nunca, nunca mais terá uma aterrisagem forçada, o poeta dorme, principalmente pelo direito de permanecer vivo.

quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Conversar é difícil, e sobre poesia...

Gostaria de falar com você, mas, não aquele papo de o mundo está ao contrário, de que devo gripar a qualquer momento, que minha conta bancária está zerada, que não respeitam a natureza, que os políticos são corruptos, não, sobre isso não quero falar, não quero me prender a lugares comuns. Por que não falar de vida, de pessoas que respiram sem precisar de vaidades que acompanham o capitalismo, de um romance que está dando certo e não é de nenhuma celebridade, nem tão pouco, está imitando e O vento levou, Romeu e Julieta ou Otelo, quero falar de você pessoa comum que não conjuga, pelo contrário, vive todos os verbos, desde os verbos que matam, até os verbos que pontuam uma existência de luta, de sonho, e que sem saber, pratica , de alguma forma a arte.