terça-feira, 30 de março de 2010

Segredos

Nunca ninguém saberá
a Madonna que enxerguei em ti
o engano que desfiz em mim
a minha vontade de sofrer...

Ninguém nunca saberá
do teu riso tão doce, convidativo
das tuas mãos tão grandes
impondo medo
da dança, de nossos nervos
da tua vontade de sumir...

Nunca ninguém saberá
do perfume dos teus cabelos
do cálice amargo onde me servisse
algumas palavras...
da tua fuga sem motivos
do teu medo de sentir prazer...

Sabera, sempre, Todos!
da poesia que joguei aos teus pés,
do meu contentamento ao lembrar
que você povoava o meu universo
Do meu devaneio cert de que te faria feliz.

Da falta de tom ao chamar
teu nome
Da ausência da voz
quando quis te amar...
Do excesso dela, ao me sentir rejeitada...
Dos astros enlouquecidos aparecendo
em horas erradas...
Da força que me abateu
e da fraqueza, da saudade,
que hoje me faz viva!

segunda-feira, 22 de março de 2010

Narciso às avessas

Deparei-me com um olhar,
conversamos, éramos velhos conhecidos...
Bebi dele com uma saudade
que perdi no tempo...
Ouvi uma voz, não me assustou,
tinha muito calor, essa voz,
exigia a minha de volta, inútil,
se perderam no mesmo som.
Senti o toque de suas mãos nervosas
e precisas...
Meu corpo tranquilizou-as,
agradecendo aqueles toques suaves,
tão quentes, queria mais...
De repente, o sorriso, o vestir,
as pernas, o sentir, a passionalidade
e a vontade de ser feliz,
o desfecho e o começo,
à procura... tudo tão velho conhecido meu,
meu espelho que não achei feio e nem bonito,
só que me apaixonei.

Flor aberta

Cada pétala um apelo,
num jogo estonteante e
perigoso, te vejo...
Uma que recebe o sol
que ri surpresa
que desaparece só.
Outra que se encanta com
a lua
mas, não tira os olhos
da rua
que amanhece nua
sem ter tido prazer,
outra que não sabe o que é amar
que só se doa por um segundo,
que se perde no mundo
e deixa o poeta a sonhar...
Uma pétala urbana, seca,
fria, brilhante, maravilhosa,
Ah, artificial, que saboreia os vinhos
e tem ressaca de carinhos...
_ Por que meus beijos não sufocam e
nem aliviam teus desatinos?

Busca

Eu só sei que te busco
caminho à fora
como uma desvairada, te busco
mesmo quando estás perto,
te busco...
Na fuga de teus olhares perdidos no tempo,
te busco.
E nem em teu sorriso sossego,
porque teus sentidos se apresentam errantes,
belos, amor, mas, errantes,
tal qual o mar que despeja beleza e agradável umidade,
no entanto, tem sossego partido,
a cada onda que mata em praias distantes
Por isso te busco...
Se me buscas e sei que buscas... sem sucesso,
não se atormente,
porque meu amor,
não se busca o que já se tem.