terça-feira, 24 de novembro de 2009

Redenção

Não sei se mato a ti ou a mim, sem te ver,
fugindo do mar,
sem dirigir-te a palavra, corto, como um
algoz, as asas desse amor inútil.

Nesse momento, sou poder e me condeno
aos escombros da solidão,
sem luz, sem ar, mato o que de certo iria
viver mendigando...

Não mais teus carinhos, que por um segundo,
fez minha alma voar,
Não mais nosso ninho que esmoresceu-se
no fundo do mar...

Agora só a fuga me salva e a desculpa te deixa
impune, não foi teu sorriso, não foi teu olhar,
foi a espera de uma vida inteira por esse teu jeito
estranho de com as coisas da vida lidar...

terça-feira, 10 de novembro de 2009

À procura de um jardim

Algumas vezes, passeamos pela vida com a nítida sensação de estarmos provando tudo, tudo de bom que a vida pode nos oferecer e fazemos isso, acredite, para parecermos melhor filho, melhor companheiro, melhor amigo. De que forma? Ao sentirmos o sol no rosto mais tempo, podemos parecer mais iluminado para as pessoas das quais gostamos, se deixamos o vento tocar nosso rosto até sntirmos a sensação de estarmos voando com ele, é porque pretendemos ter uma palavra livre para dizer na hora exata aos nossos amigos de alma aprisionada, se beijamos muitas bocas e se dizemos: eu te amo, estamos, de alguma forma, brindando nossa capacidade de amar e sufocando nossa carência, que tantas vezes afoga a pessoa mais disponível, pensando em todas essas coisas, eu me pergunto: O que é que não fiz? Não agradeci suficiente ou não soube agradecer, bati à porta errada, entrei sem que ninguém mandasse, não dei o meu sorriso mais sincero para vida, não olhei de lado, não dividi meu gosto de viver, a verdade é que agora sinto esse espaço, essa ausência de respostas, talvez, porque devam ser inúmeras respostas, eu tenho essa impressão de não estar procurando nada em particular, falta-me um jardim, com inúmeras flores, perguntando para mim, sobre o meu perfume de amanhã.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Rio sagrado

Não seria eu capaz de tornar uma história de amor borrada,
olhar o semblante de alguém especial e dizer prazer em conhecê-la,
guiar palavras com ansiedade de um cego nas ruas,
tomar cuidado para o meu olhar não te ferir,
colocar-te em lugar sagrado, proibido, por toda uma história...
Não seria eu capaz de uma dia dizer que tais pensamentos
me doíam o coração, ao mesmo tempo que estranhamente
me colocavam de pé agradecendo à vida,
apesar do momento difícil.
De fato, tu és aquele rio distante, que imaginamos:
Não conseguiria navegar, porém, o fato de saber que ele existe,
torna dispensável qualquer investida que vá além do respeito
por tuas águas amigas...

domingo, 1 de novembro de 2009

MÃOS

Apaixonada,sem te olhar nos olhos,
tateio sua realidade, como se a mim
ela fosse um sonho...

Mesmo assim,sinto teu cheiro,
escuto atenta tuas palavras
mordo os lábios e fecho os olhos...
para não profanar teu templo.

Espero o tempo dizer alguma coisa a ti
alguma coisa que em segredo há muito
me dissera o tempo...

A favor de mim tenho quase nada:
uma alma que salta a cada lembrança tua
e minhas mãos que em sonhos te buscam
e ao encontrar as tuas,se desmancham
qual fumaça,suavemente se espalhando
no ar...